Sem dúvida, quer seja um médium intuitivo, de incorporação ou de efeitos físicos mais ostensivos, não há exatidão para que possamos comparar um tipo de mediunidade com a outra como sendo inferior ou superior, perfeita ou imperfeita, pior ou melhor, mais ou menos mediúnica, como costumamos fazer ao comparar vasos em nossos bazares, sendo que o mais chamativo nem sempre é o mais valioso. Mesmo a mediunidade de "incorporação", que exige o desdobramento completo do corpo astral do medianeiro para que seja sonâmbulo e inconsciente, fenômeno raríssimo nos dias atuais, apresenta especificidades e características únicas de um espírito encarnado para outro.
Aliás, considerando que a mediunidade inconsciente está ficando inexistente e clarifica-se cada vez mais o homem intuitivo e anímico, obviamente devemos reavaliar o conceito de "incorporação" nos terreiros de umbanda. O que ocorre na atualidade é uma "parceria" anímico-mediúnica, em que o sensitivo fica envolvido pela irradiação mental e magnética do espírito, com o seu corpo astral (perispírito do médium) levemente desacoplado. É um tipo de "transe" sem perda da consciência, pois o médium capta os fatos e idéias transmitidas de outra mente, extracorpórea, reproduzindo-os com suas palavras, decorrentes de conhecimentos psíquicos mais profundos, o que podemos denominar de registros de memória atemporais que afluem do inconsciente milenar do espírito reencarnado para a periferia do consciente.
Urge constatar que a complexidade do mediunismo de terreiro é algo que desconstitui a noção malsã de muitos umbandistas de que a intuição seja mais anímica no sentido de ser menos mediúnica, a exemplo de um vistoso pavão chumbado no solo que chama mais a atenção dos olhares do que os singelos pássaros que voam nos céus.
Por: Norberto Peixoto - do Livro Mediunidade de Terreiro
Fonte: Pérolas de Ramatís
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