Exu e os dois amigos. Dois amigos se orgulhavam muito de sua amizade e lealdade. Eram vizinhos. Viviam bem, mas, apesar de umbandistas, não faziam oferenda a Exu.
Certa tarde, se encontravam os dois, como de costume, conversando nos limites de sua propriedade, quando Exu passou por entre eles, usando um chapéu metade branco e metade vermelho.
Estranhando aquela figura entre eles, um comentou com outro:
– Chapéu vermelho, não. O chapéu era branco.
E assim passaram a discutir a cor do chapéu entrando em briga e inimizade.
Muitas vezes Exu parece ser “o espírito de porco” na mitologia Nagô-Yorubá, mas o que não nos damos conta é que ele vem para mexer e cutucar o nosso ego.
O fato dos homens não lhe fazerem oferenda diz muito a seu respeito, pois quem não oferenda Exu, não oferenda a ninguém, que passa uma ideia de autossuficiência com relação ao sagrado.
Ele nos lembra o tempo todo que vivemos em sociedade e precisamos uns dos outros, para um bem viver, já que o ser humano é um ser relacional, que não existe fora da malha dos relacionamentos.
Por isso se diz que “na Umbanda, sem Exu não se faz nada”, o que não se limita a ele apenas, pois é Ele que abre a porta de comunicação deste mundo para outro mundo, entre o ayê (a terra) e o orun (o céu).
Quanto aos dois amigos, o orgulho de uma amizade também pode ser elemento da vaidade humana que é colocada em xeque quando é questionada a verdade de cada um.
Estar certo ou ter razão segundo o ego de cada um muitas vezes é colocado acima da harmonia do conjunto.
Não precisamos apenas dele e sim precisamos aprender a nos relacionar em sociedade e é isso que Ele ensina.
Quanto às lendas, são metáforas e cabe a nós interpretar e compreender o seu simbolismo.
Fonte: Blog do Alexandre Cumino
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